Terceira conquista Alviceleste chegou após três confrontos contra o União Bandeirante, na chamada Final Caipira
Depois de 11 anos, o Londrina teria pela frente outro adversário do interior na final do Campeonato Paranaense. Em 1992, Tubarão e União Bandeirante decidiram o Estadual em três partidas emocionantes no Estádio do Café, com empate heroico no último lance e festa no Café.
O técnico Varlei de Carvalho, além de grande supersticioso, soube levar à glória, uma equipe formada por jogadores oriundos das categorias de base do Tubarão, encaixando com atletas mais experientes, fazendo uma equipe vencedora.
Modo de disputa
O Paranaense daquele ano contava com 20 equipes, divididas em dois grupos. O LEC caiu no Grupo B, ao lado de: Athletico Paranaense, Grêmio Maringá, Batel, Cascavel, Toledo, Pato Branco, Goioerê, Platinense e Foz do Iguaçu. Os quatro melhores de cada grupo, se classificavam para a 2ª fase.
Na segunda fase, o Tubarão ficou no grupo com Paraná Clube, Operário Ferroviário e Cascavel. Os dois melhores, avançavam para as semifinais.
Campanha
Com um time identificado com o clube, o Londrina iniciou sua campanha em busca do terceiro título do Paraná. O zagueiro Márcio Alcântara, destacou esse conhecimento dos jogadores para fortalecer o time. “Como um clube que tem um base forte, naquele ano de 1992, subiram vários atletas para o time principal e junto com os mais experientes, como: Eu e Tadeu. A ideia era aproveitar a maioria dos jogadores da base. No início sofremos muito, principalmente com as equipes pequenas, onde tínhamos que sair para o jogo”, destacou o zagueiro.
O começo foi bom, em três jogos, três vitórias, porém, nas dez rodadas seguintes, o LEC acumulou dez empates. Como naquela época a vitória valia dois pontos e o empate um, as ordens do treinador era para que o time não perdesse as partidas. “Nosso pensamento era de não perder primeiro, se der para ganhar, nós vamos ganhar. Isso fez com que o time se tornasse campeão, um time que sabia das suas limitações, mas o número de empates que a gente teve é que o Varlei jogava com três zagueiros, algumas vezes com zagueiros nas laterais, dois volantes e o Alexandre Bianchi com um poder de marcação muito grande, muitas vezes não dávamos chances para os adversários”, lembrou Márcio.
Boa parte dos jogos na competição, foram disputados no Estádio Vitorino Gonçalves Dias e Márcio Alcântara recorda que isso ajudou demais a equipe, pois treinava ali e era um alçapão. “Ali o campo era menor, a torcida fazia uma pressão maior, pois ali era nossa casa, a gente treinava ali, o torcedor gostava do VGD, era um alçapão”, enfatizou o capitão daquela equipe.
Classificado, o Tubarão foi para a segunda fase e com bons jogos, principalmente em casa, conseguiu garantir sua vaga nas semifinais da competição. O adversário seria o Athletico Paranaense, uma das forças do Estado naquele tempo.
O primeiro jogo aconteceu no Estádio do Café, com uma grande exibição, o Tubarão saiu na frente pelo placar de 3 a 1. Márcio relembra, que o pensamento era fazer um bom placar, tendo uma vantagem no jogo da volta. “Tínhamos que ganhar o primeiro jogo, que era em Londrina, conseguimos ganhar de 3 a 1, um jogo muito difícil e fomos para Curitiba sabendo que não podíamos sofrer mais que dois gols para classificar ou dar a chance nos pênaltis”, comentou Márcio.
Na partida de volta, no Estádio Pinheirão, o Furacão pressionou muito o Londrina e acabou fazendo 2 a 0, levando a disputa para as penalidades. Na marca da cal, o Tubarão derrotou o clube da capital por 4 a 3, garantindo sua vaga na final. “Fomos para Curitiba sabendo que não seria fácil, como não foi, tempo normal difícil, tomamos dois gols, a bola dos caras não entrava, passava na frente do gol e ia para fora. Então, fomos para a prorrogação, conseguimos segurar o ataque do Athletico que massacrava nosso time e nas cobranças de pênaltis, acho que estava predestinado para a gente passar para a final”, concluiu Márcio Alcântara.
Na final, o adversário seria o União Bandeirante e muito começou a se falar que seria uma “Final Caipira”, por ser entre dois clubes do interior e da região Norte do Paraná. Como no regulamento, a final teria que ser disputada em um estádio com no mínimo 15 mil lugares, o clube de Bandeirantes não pode jogar a final em seu estádio, após algumas reuniões, ficou decidido que os jogos decisivos aconteceriam no Estádio do Café.
Na primeira partida da final, Estádio do Café lotado, com as duas torcidas fazendo muito barulho, porém, o jogo foi bastante truncado e nem de perto, o que se esperavam do jogo. Resultado final em 0 a 0.
Na segunda partida, se houvesse uma equipe vencedora, ela seria a campeão do campeonato. Na primeira chegada do União, Márcio Alcântara fez falta dura, recebeu o cartão amarelo, o que tirou ele de um possível terceiro jogo. Na cobrança, Vanderlei cobrou rasteiro no canto direito de André Dias, que não alcançou. O restante do primeiro tempo foi bastante equilibrado.
No princípio da segunda etapa, em contra-ataque Alessandro driblou André Dias e serviu Zequinha, que com o gol aberto, ampliou o marcador. Precisando do resultado, o Londrina se lançou para o ataque. Já na parte final, após muita pressão, o árbitro marcou pênalti, depois de Leco chutar de dentro da pequena área e Éverson colocar a mão na bola. Na cobrança, o camisa 10 Tadeu, deslocou o goleiro e deixou viva a chance do Tubarão no jogo.
Mesmo com o gol, o LEC atacava, mas parava na boa marcação do União Bandeirante. Aos 44 minutos, o Alviceleste ganhou uma falta na lateral direita da área do União. Na cobrança, Tadeu bateu fechado, houve um desvio no primeiro pau e sozinho, Márcio Alcântara de peixinho, cabeceou para a explosão do Estádio do Café. Empate dramático! “No finalzinho conseguimos o empate com um gol meu, levando o jogo para a terceira partida”, disse o zagueiro.
Após o gol, Márcio comemorou demais e contou algumas situações no lance do gol. “Na verdade, antes da cobrança da falta, eu estava dando os parabéns para o lateral Vanderlei Jacomini, do União, que estava me marcando. Foi muito engraçado, pois ele deixou de me marcar, acho que ele dormiu na marcação e quando a bola sobrou para mim, eu sozinho, não tive dúvidas, cabeceei e sai correndo”, comentou Márcio.
No barulho ensurdecedor do Estádio do Café, Márcio ainda foi provocar o técnico adversário. “Estava engasgado com o técnico deles, Geraldo Roncato, ele tinha dado entrevistas onde o time dele já era praticamente campeão, fui para o banco de reservas deles e fiz banana para ele, mas a alegria é muito grande, pois sabíamos que se fosse para o terceiro jogo, dificilmente iríamos perder”, destacou o autor do gol salvador.
Na terceira partida, novamente no Café, Márcio não pôde jogar por ter recebido o terceiro cartão amarelo, o zagueiro João Neves herdou a camisa número 3 e foi dele o gol do título, após a cobrança de falta de Roberto, João Neves subiu sozinho, no terceiro andar e com uma testada fulminante, colocou o Londrina na frente e foi o gol do terceiro título Estadual.
Após o apito final, houve invasão de campo, jogadores tentando correr para os vestiários, mas após toda a comemoração, taça erguida e festa pela cidade. “Foi muito legal, naquela época, o torcedor podia invadir o gramado, teve jogador que saiu de cueca do campo, foi muito emocionante, até porque fazia um tempo que o Londrina não era campeão. Depois teve a carreata com o caminhão do corpo de bombeiros, com todos os jogadores em cima, foi muito legal”, finalizou Márcio Alcântara.
A equipe que entrou em campo no último jogo foi: André Dias; Nilson, João Neves, Souza e Jerry; Alexandre Bianchi, Tadeu e Zé Roberto (Amarildo); Marquinhos (Cláudio José), Leco e Roberto. O técnico que comandou foi Aldivino Generoso, que assumiu o cargo com a suspensão de Varlei de Carvalho.
Ainda participaram da campanha: Zé Humberto, Bira, Márcio Alcântara, Darley, Giuliano, Tião, Adalberto, Alaor, Aléssio, Cláudio, Celso Reis e Birinha.