Torcedor cria a torcida visando aumentar a inclusão em partidas do LEC
O torcedor Matheus Soares Dantas, de 27 anos, foi diagnosticado em 2022 com Transtorno do Espectro Autista, mais conhecido com TEA. Após o diagnóstico, Matheus decidiu criar a Torcida Tubautistas, visando aumentar a inclusão de pessoas com TEA nos jogos do Londrina Esporte Clube.
Matheus teve um diagnóstico tardio da TEA, apenas com 27 anos, após dois anos de investigações. Ele chegou ao diagnóstico, após perceber que tinha algumas características diferentes de outras crianças e posteriormente, de outros adultos. Com isso, após estar casado e com filho, decidiu investigar as possíveis causas dessas diferenças, que resultou na identificação de TEA.
A ideia de fundar a Torcida Tubautistas não demorou muito para acontecer e ela veio principalmente após acompanhar uma partida de futebol e ver tinha torcedores autistas nas arquibancadas. “A inspiração [para fundar a torcida] foi na torcida do Corinthians, uma vez estava assistindo um jogo e vi uma faixa “Autistas Alvinegros”, pensei que fundaram uma torcida de autistas no Corinthians e achei a ideia fantástica, comecei a pesquisar e vi que eram dois autistas que tinham fundado”, descreveu de como surgiu a ideia.
Dantas que torce pelo Tubarão desde os 12 anos, sempre que frequentou o Estádio do Café, ocupou um lugar atrás do gol da ferradura e que é o local favorito dele no estádio. E o grande objetivo dele na fundação da torcida é reunir pessoas que também foram diagnosticadas com o TEA, para frequentarem os jogos do Londrina e ficarem neste espaço adotado por ele, já que não é um local com muitas aglomerações e que podem ajudar que essas pessoas frequentem as partidas do Tubarão.
“A torcida ela é pautada em dois aspectos: inclusão e conscientização. Com a inclusão, mostrar que o lugar do autista é onde ele quiser, o autismo não pode ser um limitador das nossas realizações, dos nossos hobbies, anseios e sonhos. Então, em primeiro lugar, a inclusão, para que o autista possa estar no estádio e que o estádio possa ser um lugar para ele. E em segundo, a educação e conscientização, é fazer um trabalho, levantar a bandeira do autismo para que torcedores do Londrina e de outros clubes possam ver a importância do diagnóstico do autismo, olhar com mais carinho para si e para que nós possamos ter mais diagnósticos e mais pessoas realizadas, se sentindo melhor, se sentindo mais feliz e tocando a vida de uma maneira melhor”, destacou Matheus Dantas.
Confira a entrevista completa com o fundador da Torcida Tubautista com a TV LEC:
O QUE É O TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA?
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um distúrbio do neurodesenvolvimento caracterizado por desenvolvimento atípico, manifestações comportamentais, déficits na comunicação e na interação social, padrões de comportamentos repetitivos e estereotipados, podendo apresentar um repertório restrito de interesses e atividades.
O diagnóstico de TEA é essencialmente clínico, feito a partir das observações da criança, entrevistas com os pais e aplicação de instrumentos específicos. Instrumentos de vigilância do desenvolvimento infantil são sensíveis para detecção de alterações sugestivas de TEA, devendo ser devidamente aplicados durante as consultas de puericultura na Atenção Primária à Saúde. O relato/queixa da família acerca de alterações no desenvolvimento ou comportamento da criança tem correlação positiva com confirmação diagnóstica posterior, por isso, valorizar o relato/queixa da família é fundamental durante o atendimento da criança.
Manifestações agudas podem ocorrer e, frequentemente, o que conseguimos observar são sintomas de agitação e/ou agressividade, podendo haver auto ou heteroagressividade. Estas manifestações ocorrem por diversos motivos, como dificuldade em comunicar algo que gostaria, alguma dor, algum incômodo sensorial, entre outros. Nestes momentos é fundamental tentar compreender o motivo dos comportamentos que estamos observando, para então propor estratégias que possam ser efetivas. Dentre os procedimentos possíveis temos: estratégias comportamentais de modificação do comportamento, uso de comunicação suplementar e/ou alternativa como apoio para compreensão/ expressão, estratégias sensoriais, e também procedimentos mais invasivos, como contenção física e mecânica, medicações e, em algumas situações, intervenções em unidades de urgência / emergência.